Imagem

By 26 de setembro de 2014dezembro 19th, 2014Imagem

A alma é constituída de imagens, ou é, ela mesma, imagem. Aqui, a imagem não é o sub-produto da percepção ou da sensação, o reflexo psíquico de um objeto externo, nem é a construção mental que representa de forma simbólica ideias e sentimentos. Jung refere-se à imaginação como atividade autônoma da psique, ou seja, uma espontaneidade na criação de imagens ou fantasias. A psique se caracteriza particularmente por essa capacidade, ou atividade, de criar imagens.

O nexo entre imagem e psique insere-se numa tradição de “exploradores” e teóricos, que inclui os poetas românticos, os alquimistas, os visionários da mística islâmica, os surrealistas, Paracelso, Henri Corbin, Gaston Bachelard, Gilbert Durand e, entre tantos outros, Jung, ele mesmo também um explorador desse mundus imaginalis.

Uma imagem, ao mesmo tempo em que torna algo visível (e visível não apenas no sentido ótico), torna algo invisível. Uma concepção de imagem baseada apenas na ideia de ótica não pode compreender a complexidade da imagem psíquica, que está baseada na simultaneidade, ou na abolição de sua própria inscrição no tempo.

Gustavo Barcellos em Psique & Imagem, 2012